Taiguara foi um poeta da minha geração. Compositor, intérprete de um mundo em transformação.
Uma juventude de heróis, poetas, sonhadores, embalados pelo ideal de liberdade. Juventude inconformada e corajosa na contra mão de um sistema opressor, impostor e dominante.
Cabeças cabeludas fervilhavam de idéias, roupas coloridas, versos livres, discursos em rimas, protestando com veemência e conhecimento. Rompiam com a trava do poder das sombras nefastas.
Estes heróis colocavam flores nos canos das baionetas, pediam paz e faziam do amor como bandeira para um novo tempo. Cantavam, dançavam, e assim, ao invés de guerra, fizeram uma revolução ao som de novas vozes e novas canções, com guitarras, pianos e o bater das mãos.
Deste sonho acordamos , não teve jeito. O lado negro da força que não se dava por vencido, insistiu. Em momento nenhum desistimos, a mordaça não venceu.
E para continuar falando de flores foi preciso nestes dias sombrios, que os poetas se fizessem itinerantes, indo cantar longe em outras terras, outros cantos.
Ficou o caminho preparado aonde outros virão fazendo poesias em canções como exercício de celebração a vida, ao amor, para que nenhum sonho em qualquer tempo jamais morra.
Ressuscitará em outras letras, o legado dos que ousaram crer, fazer e fizeram uma mudança nas idéias e comportamentos para sempre.
Para esses, a minha poesia, pois me ensinaram o verso contrário da música viva.
O sonho não acabou. O legado permanece e renasce todo dia das gerações idas para as gerações vindouras.
Razanil Shamir
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Taiguara Chalar da Silva nasceu em Montevidéu, 9 de outubro de 1945 - faleceu em São Paulo, 14 de fevereiro de 1996)
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