SE ESSA RUA FOSSE MINHA

EU CONHEÇO UMA MENINA, UMA MULHER,
QUE ANDA PELAS RUAS ENSOLARADAS DE SUA INFÂNCIA,
QUE CANTA CANTIGAS DE RODAS E DE REIZADOS,
QUE TEM UM FALAR ENCANTADO, E UM JEITO DE SONHAR ACORDADO,
ANSIOSA POR ENCONTRAR O CAMINHO, QUE A LEVE DE VOLTA A ESTE LUGAR DO PASSADO,
E SE PERDER NA MAGIA DESTE ENCONTRO, E POR LÁ FICAR.
CONHEÇO UMA MOÇA MENINA, UMA CRIANÇA PERDIDA EM LEMBRANÇAS, NO VAI E VEM DE UM BALANÇO DE CORDAS DE SISAL,
PRESO NOS GALHOS ALTOS DE UMA MANGUEIRA EM UM ANTIGO QUINTAL.
ELA DANÇA QUADRILHA, PULA FOGUEIRA
NAS NOITES FESTEIRAS DE SUAS LEMBRANÇAS,
DE UM SÃO JOÃO DE CÉU ESTRELADO, QUE JÁ NÃO HÁ MAIS.
ESSA MENINA, DE CABELOS DE CACHINHOS,
CANTANDO NA CASA DA AVÓ ORGULHOSA,
COM OS TREJEITOS DE CARMEM MIRANDA, VIRANDO OS OLHINHOS,
E BALANÇANDO OS BRACINHOS NO AR A PERGUNTAR: O QUE É QUE A BAIANA TEM?
ESSA MULHER ESTA MENINA, VESTIDA EM SUA FANTASIA, FEITA COM ESMERO PELA SUA “TIÍNHA” MELINHA,
PARA OS DIAS DE UM CARNAVAL ANTIGO,
ENTRE CONFETES , SERPENTINAS, E MARCHINHAS
QUE O ABRE-ALAS DA SAUDADE DEIXOU PARA TRÁS.
A CRIANÇA, A MULHER A MENINA, ESQUECEU EM QUE ESQUINA
PERDEU-SE DESTE CAMINHO,
PARA TRILHAR OUTROS TANTOS CAMINHOS NA VIDA.
MAS EM SUAS LEMBRANÇAS
AINDA TEM UMA RUA TODA LADRILHADA DE PEDRINHAS,
ONDE MORA UM ANJO QUE GUARDA TODA A FANTASIA
DE ALEGRIA, VOZERIOS, CANTORIAS, COLOS QUENTES,
RISOS INOCENTES, MÃOS SEGURAS E CONFIANTES,
QUE O TEMPO ETERNIZOU EM UMA RUA DA SAUDADE
E ESPERA PACIENTEMENTE ELA RETORNAR..
(Razanil Shamir)
211009
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PARA MINHA AVÓ DEOLINDA QUE ADORNOU MINHA INFÂNCIA COM FATOS E MOMENTOS ENCANTADOS. ELA QUE ADORAVA ME VER CANTANDO E DANÇANDO, E FEZ DA MINHA INFÂNCIA TODA UMA RECORDAÇÃO DE ALEGRIA.
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